Cada vez mais me convenço que devia estar a estudar Sociologia em vez de Letras. É que um dos meus passatempos preferidos é a apreciação das pessoas. Estou a falar a sério! Quantas vezes não me apetece sentar num banco de jardim e apreciar quem por lá passa?
Ver as roupas que as pessoas usam, a maneira como se comportam, como falam com os outros, etc e tal.
Uma das razões que me levaram a comprar os bilhetes (que me custaram os olhos da cara) para a Queima foi isso mesmo: poder analisar as pessoas que lá vão ao mesmo tempo que ouço música.
Após quatro dias de análise debaixo de chuva intensa, posso concluir que há cada maluquinho que nem vos passa pela cabeça.
Ora atentem:
1. O bêbado pré-queima: aquele que já está bêbado ainda antes de chegar ao Queimódromo, como se a festa começasse a partir do momento em que sai de casa;
2. O bêbado pré-pré-queima: aquele que começa a embebedar-se quando está na fila (gigante) para entrar, vem de garrafa na mão e bebe-a toda até passar pelos seguranças;
3. O bêbado que não incomoda ninguém: aquele que está bêbado, sim, mas não se mete com ninguém, anda para lá sozinho, a fazer merda sozinho, a beber sozinho, sossegadito no seu canto;
4. O bêbado chato: aquele que está bêbado, sim, mas anda a chatear as outras pessoas, a pedir abraços, a chorar, a incomodar toda a gente e a tentar que alguém lhe dê mais alcool;
5. A histérica: aquela que não está necessariamente bêbada, mas está tão feliz por lá estar que fica uma histérica do pior, com aqueles risinhos nervosos e forçados, que salta o tempo todo e grita como se não houvesse amanhã. Normalmente vêm em grupos de quatro ou cinco, o que torna as coisas ainda piores;
6. A totó: aquela que vai para a Queima passear, que não salta, não canta, não mexe sequer a perninha ao som da música, está com cara de enjoada e de quem quer sair de lá o mais depressa possível;
7. O telemóvel-dependente: aquele que não larga o telemóvel o tempo todo, sempre a falar com os amigos ou no Facebook ou no Instagram ou no Twitter. Sempre de cabeça baixa, não liga nenhuma ao concerto;
8. O bebida-dependente: aquele que anda sempre de bebida na mão, nem sempre a bebê-la, mas apenas a segurá-la para parecer fixe;
9. A pita/ a cota: aquela que, ou é muito nova para ir à Queima, ou é muito velha para lá estar. Isto verificou-se principalmente no dia do concerto do Anselmo Ralph, era só miúdas com 15 anos e senhoras com mais de 45.
10. O que nunca andou na faculdade: aquele que nem o 12º ano acabou, trabalha sabe-se lá onde, não tenciona ir para a faculdade nem que lhe paguem, mas vai à Queima só para dizer que foi;
11. A que pensa que vai a uma festa: aquela que se veste como se fosse ao baile de finalistas do 9º ano/ ao Eskada/ a uma qualquer discoteca foleira. Dois quilos de base cinco tons acima do dela, lábios vermelhos, sombra prateada no'jolhos e eyeliner preto. Top a mostrar as mamas, leggings com padrão tigresse e sapatos-camião. Tendência para falar demasiado alto e com muitos caralhos pelo meio, insultando qualquer pessoa que vá contra ela com ameaças de porrada.
Para já não me estou a lembrar de mais nenhum tipo de pessoas, mas logo à noite vou ver o James Arthur e pode ser que volte com mais coisas para vos contar.
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