Quando nem na universidade estamos seguros

Pessimista como sou, às vezes tenho pensamentos que não lembra nem ao menino Jesus. Imagino desgraças a acontecerem a toda a gente que eu conheço, mortes, acidentes graves, por aí. 

Uma das terríveis situações que imagino é a seguinte: estou na faculdade ou no shopping (é sempre um lugar com muita gente) e, de repente, um homem saca da arma e começa a matar-nos a todos. 

Sim, eu sei que é estranho, mas eu imagino isto imensas vezes. Se calhar ando a ver demasiadas séries policiais, nao sei... Só sei que tenho um medo horrível de que isso aconteça. Algum maluquinho lembra-se de disparar contra todos e eu nunca arranjo sítio onde me esconder. 

Isto para falar do que aconteceu há uns dias no Quénia, numa universidade. Terroristas entraram lá e começaram aos tiros aos alunos cristãos. Um deles era segurança na universidade e, por isso, facilitou a entrada dos outros. 

Morreram 148 pessoas. Cento e quarenta e oito. A maioria era mais ou menos da minha idade. 

Há agora relatos de uma estudante que se escondeu num armário e conseguiu sobreviver. 

Não vos consigo explicar como isto me chocou. Não vou sequer falar das questões religiosas - que, obviamente, estiveram na origem deste tiroteio - porque é um assunto que me ultrapassa completamente. O que me põe completamente fora de mim é o facto de (ainda) haver pessoas neste mundo que são cruéis ao ponto de matarem 148 pessoas. Claro que apenas uma seria igualmente mau, mas 148? Vá lá, isto não é normal. Não é de pessoas mentalmente sãs. É de uma crueldade, de um egoísmo tão grande que nem sei. 

Eu sou, desde sempre, a favor da pena de morte. No entanto, neste caso, o que eu queria mesmo era que esta gente mesquinha sofresse tanto, mas tanto, mas tanto, que não conseguisse sequer levantar-se do chão. Deviam passar por todo o tipo de maus tratos (físicos e psicológicos), até chegarem ao ponto de não querer viver mais. Porque matar quase 150 pessoas e simplesmente morrer é uma punição muito pequena.